dos livros "OPÚSCULO N° 8 - Sonetos em Fé Maior" e "OBSERVÂNCIAS DO RIO & outros avulsos"
SONETO SOBRE O SONETO-1987
Compondo a estrofe sob forma de quarteto,
espreme o poeta, da cabeça, a harmonia;
vibra, qual demônio, enfurecido de alegria,
despreza toda forma de poema obsoleto.
A segunda estrofe, ainda quarteto, sangra,
pelos poros do papel, todo branco de vaidade,
postadas as letras numa só linearidade,
reescreve, contente, as estórias de cassandra.
Dispara pelas teclas da máquina a fagulha,
da palavra que acende, com a beleza de um hino,
o penúltimo terceto do poema alexandrino.
E restaurada na pena a pureza do soneto,
construído com paixão o seu último terceto,
reinventa, no verso, o amor pela luxúria.
SONETO DE UMA SOLIDÃO-1988
Sílêncio! O poema dorme
numa cama de papel branca,
o sexo agita o mover das ancas,
o povo desperta, disforme.
Silêncio! A ânsia arrebenta
o prazer, destruidora ferramenta.
Tempo, metáfora da falta de certeza,
vendaval, implodida represa.
Silêncio! De nenhum verso da poesia,
nem da angústia da epilepsia.
De nenhum militar a vil dureza
da tortura, odienta, sem beleza.
Ódio, estúpida tormenta,
do corpo, d’alma, de amor sedenta.
SONETO DOS 4 VERSOS-1988
a Jomar Muniz de Brito
O poeta colorido e feio,
se chegando, se chegando, se chegando veio.
Falou um montão de poesias,
falou da Lua, do Sol, da noite, do dia.
Falou um montão de poesias,
da Lua, do Sol, da noite, do dia;
se chegando, se chegando, se chegando veio,
o poeta colorido e feio.
O poeta colorido e feio,
se chegando, se chegando, se chegando veio,
e falou um montão de poesias.
Falou da Lua, do Sol, da noite, do dia;
se chegando, se chegando, se chegando veio,
o poeta colorido e feio.
SONETO DO VERDADEIRO
AMOR-1988
Não existe pureza na aventura,
nem a sorte repete num instante,
a beleza do amor puro e constante,
traduzido na mais santa loucura.
Amor, oh, sentimento diletante!...
- Construído de fel e de perjura –
que no momento crucial da ruptura,
revela o ser amado um vil tratante.
No amor, eternidade e plenitude
são mera retórica. E a virtude
é vivê-lo em seu tempo definido...
Não sabe do amor o que o perde e chora,
nem tampouco o sabe, em quem o ódio aflora,
na sua efemeridade o amor é infindo.
SONETO DO AMOR
PASSADO-1989
No retiro onduloso do teu corpo,
crio sonhos, invento traquinagens.
Revivendo em minh’alma tais miragens,
poetiso o passado belo e morto.
Ao vento forte empenho meu conforto,
à frondosa palmeira a paisagem,
deste amor que valeu-me, de passagem,
um choro convulso, trágico e torto.
Quisera eu que este amor interminado,
não morresse tão cedo! Ai, quem me dera!...
Não secasse na sombra dessa espera!
E que ao tocar do sino esta lembrança,
resgatasse um fiozinho de esperança,
pra este amor que tombou dilacerado!
CAPITU-1997
Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!*
De pura maravilha inexistente!
Tua beleza sensual e renitente,
rasga-me a carne, expondo-me a fratura!
Oh! Fogo do inferno! Diz-me: és impura?!
Diz com as letras, ainda que aparentes!
Não me deixes à dor, cruel, persistente...
Diz-me logo: és a última flor da incura?!
Não! Não podes ser, de resto, canalha!
Foste apenas menina enamorada,
e do bardo a mais forte inspiração!...
Foste a lâmina fria da madrugada,
que expôs que na aventura da criação,
perde-se a vida, ganha-se a batalha!**
* verso de Machado de Assis
**idem
DE POEMA FEITO-1997
Não escrevo mais poemas.
E por não mais escrevê-los,
minha caneta, ansiosa, pede-me:
pense-os, que eu os escreverei!
Diante de tal proposição
e um copo de cerveja,
bato minha caixa de fósforos
e o poema vai às mesas.
Ah! Velho poema de mesa,
em guardanapo de seda feito,
vira samba de amor em qualquer ritmo!...
Velho samba de seda,
de amor em qualquer ritmo,
feito poema de mesa!
SONETO SOBRE O SONETO-1987
Compondo a estrofe sob forma de quarteto,
espreme o poeta, da cabeça, a harmonia;
vibra, qual demônio, enfurecido de alegria,
despreza toda forma de poema obsoleto.
A segunda estrofe, ainda quarteto, sangra,
pelos poros do papel, todo branco de vaidade,
postadas as letras numa só linearidade,
reescreve, contente, as estórias de cassandra.
Dispara pelas teclas da máquina a fagulha,
da palavra que acende, com a beleza de um hino,
o penúltimo terceto do poema alexandrino.
E restaurada na pena a pureza do soneto,
construído com paixão o seu último terceto,
reinventa, no verso, o amor pela luxúria.
SONETO DE UMA SOLIDÃO-1988
Sílêncio! O poema dorme
numa cama de papel branca,
o sexo agita o mover das ancas,
o povo desperta, disforme.
Silêncio! A ânsia arrebenta
o prazer, destruidora ferramenta.
Tempo, metáfora da falta de certeza,
vendaval, implodida represa.
Silêncio! De nenhum verso da poesia,
nem da angústia da epilepsia.
De nenhum militar a vil dureza
da tortura, odienta, sem beleza.
Ódio, estúpida tormenta,
do corpo, d’alma, de amor sedenta.
SONETO DOS 4 VERSOS-1988
a Jomar Muniz de Brito
O poeta colorido e feio,
se chegando, se chegando, se chegando veio.
Falou um montão de poesias,
falou da Lua, do Sol, da noite, do dia.
Falou um montão de poesias,
da Lua, do Sol, da noite, do dia;
se chegando, se chegando, se chegando veio,
o poeta colorido e feio.
O poeta colorido e feio,
se chegando, se chegando, se chegando veio,
e falou um montão de poesias.
Falou da Lua, do Sol, da noite, do dia;
se chegando, se chegando, se chegando veio,
o poeta colorido e feio.
SONETO DO VERDADEIRO
AMOR-1988
Não existe pureza na aventura,
nem a sorte repete num instante,
a beleza do amor puro e constante,
traduzido na mais santa loucura.
Amor, oh, sentimento diletante!...
- Construído de fel e de perjura –
que no momento crucial da ruptura,
revela o ser amado um vil tratante.
No amor, eternidade e plenitude
são mera retórica. E a virtude
é vivê-lo em seu tempo definido...
Não sabe do amor o que o perde e chora,
nem tampouco o sabe, em quem o ódio aflora,
na sua efemeridade o amor é infindo.
SONETO DO AMOR
PASSADO-1989
No retiro onduloso do teu corpo,
crio sonhos, invento traquinagens.
Revivendo em minh’alma tais miragens,
poetiso o passado belo e morto.
Ao vento forte empenho meu conforto,
à frondosa palmeira a paisagem,
deste amor que valeu-me, de passagem,
um choro convulso, trágico e torto.
Quisera eu que este amor interminado,
não morresse tão cedo! Ai, quem me dera!...
Não secasse na sombra dessa espera!
E que ao tocar do sino esta lembrança,
resgatasse um fiozinho de esperança,
pra este amor que tombou dilacerado!
CAPITU-1997
Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!*
De pura maravilha inexistente!
Tua beleza sensual e renitente,
rasga-me a carne, expondo-me a fratura!
Oh! Fogo do inferno! Diz-me: és impura?!
Diz com as letras, ainda que aparentes!
Não me deixes à dor, cruel, persistente...
Diz-me logo: és a última flor da incura?!
Não! Não podes ser, de resto, canalha!
Foste apenas menina enamorada,
e do bardo a mais forte inspiração!...
Foste a lâmina fria da madrugada,
que expôs que na aventura da criação,
perde-se a vida, ganha-se a batalha!**
* verso de Machado de Assis
**idem
DE POEMA FEITO-1997
Não escrevo mais poemas.
E por não mais escrevê-los,
minha caneta, ansiosa, pede-me:
pense-os, que eu os escreverei!
Diante de tal proposição
e um copo de cerveja,
bato minha caixa de fósforos
e o poema vai às mesas.
Ah! Velho poema de mesa,
em guardanapo de seda feito,
vira samba de amor em qualquer ritmo!...
Velho samba de seda,
de amor em qualquer ritmo,
feito poema de mesa!
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