CALDEIRA DO DIABO
Estive,
tempo passado,
na caldeira do diabo
da paixão;
sem pergaminho,
nem contrato assinado
a me dizer do retrato
rasgado, queimado,
sem ida nem volta.
Estou,
tempo presente,
leve, sol poente,
ainda sem pergaminho,
apenas carinhos e beijos,
desejos em paz,
corpo saciado,
certezas de uma paixão
que virou amor.
Estaremos,
tempo futuro,
sem rédeas nem muros,
com um pergaminho
de cinzas
e em cinzas (re)feitos,
sem olhar e poesia,
anti-testemunhas silenciosas
das novas gerações.
Quem dera o poema
dos tempos dos verbos,
veleiros incertos
de velas e versos,
nos dessem as respostas
que nos dispensassem
da vida e da morte,
dos pergaminhos
e da caldeira da paixão.
Rio, 10/05/2010