sábado, 23 de janeiro de 2010

POEMA DE JOZILDO DIAS PAREDES



BROKEM WINDOWS


Haitiado de escombros,
poeiras visitam um Porto Príncipe
em trabalho de parto.

Onde Geraldine Scown, sequer suspeita,
cotas de empregos, ou vagas na USP.
À ela, cotas de marines e a Minustah, da ONU.
À ela, cotas só de não horizontes
expandindo-se como vírus
numa África aidética e preta.

Scown em seus 24 anos, não lembra, de um Haiti parido em 1803
com a negrada guerreira, pondo a correr os bleus de Napoleâo,
ela não desconfia, desde lá, toda Europa odeia o Haiti:
onde se viu, pretos subumanos, derrotar, tão impávido exercito?
Parteiros de um país
eram os negros cativos,
blasfemando contra um eurocêntrico Deus:
Pátria! Pátria! Pátria!

Por tras de sua janela quebrada. pó e farelo de escombros,
não sabe o que se passou.
Sob a parede que esmaga a geladeira
seu futuro outrora num sem perspectivas
congelado no porta verduras,
agora se esvai num degelo de morte,
fundindo-se à desgraça de filhos, marido e parentes, triturados.

Foram 30 hiroshímicas ogivas,
agitando num sacode de furiosas tectônicas,
um Haiti sem chão, evaporando-se.

O arroz que tantas vezes mastigou, comprado
no "Hell's Kitchens" plantados nos campos do Sul,
pelas mãos brancas da ku klux kan,
São pragas na lavoura dos campos haitianos,
toneladas e toneladas vendidas a módicos preços
até sua mesa e seu prato.

Fizeram zumbis,
negros empanturrados do branco arroz branco.

Ingenua Geraldine,
como a paisagem do Parc la Paix,
a ficha,não lhe caiu:
O aço da vértebra da falange de 1803.
foi terrivelmente dobrado,
por subsidios agricolas aos ruralista do sul.

Longamento condedido,
negramente confirmado
por Obama.

Os aspirantes pretos a cidadãos hatianos foram,
um a um, como uma boneca "Barbie", desmontados.

Veto contra a cidadania,
arroz contra a revolução,
arroz contra a democracia,
ONGs contra o Estado.

Também!

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