ao poeta Rodrigues Pinagé
do livro MOLEQUE VELHO
santuário de N.Sa. do Perpétuo Socorro, no bairro da Boca da Estrada, onde todo sábado minha mãe ia à novena - Bragança/Pa, jul2006
MEU CORDEL, MEU JAGUNÇO BRAGANTINO,
VELHO CALUNGA DA BOCA DA ESTRADA,
ANJO CEREJO, SEM VESTES, SEM NADA,
DO RIO SAUDOSO DO TEMPO MENINO;
NA BOLA, NA PIPA, NO TOQUE DO SINO,
NO CHÃO DE LAMA DA BOA TRAQUATEUA,
COMENDO POEIRA EM BACURITEUA,
PEÃO FAMINTO, PAPEI MEU CHIBÉ;
CANOA DAS ÁGUAS DO RIO CAETÉ,
DOU BANHO NO VERSO EM AJURUTEUA.
Ponte de Sapucaia onde, segundo a lenda, não podia passar uma virgem, sob pena de a ponte cair - Bragança/Pa, jul2006
FOFOCAS VENENOS DE FIM DE TARDE,
VIRGEM PASSANDO PELA SAPUCAIA,
TERRA BATIDA DA MINA DA CAIA,
NEGRA SAMBANDO SEM GRANDES ALARDES;
SALÃO DO MORRO, FIM DA VIRGINDADE,
PEIXE CHEIRANDO NO FIM DA ALDEIA,
CHEIRO DE MAR, QUE A VENTA MAREIA,
SACO DE PANO COANDO CAFÉ;
CANOA DAS ÁGUAS DO RIO CAETÉ,
DOU BANHO NO VERSO EM AJURUTEUA.
O poeta chegando à terra depois de 25 anos. Ao fundo, o Colégio Santa Teresinha, na Praça da Bandeira, onde as crianças brincavam nos brinquedos após a missa das 17 horas, nos domingos, e nós moleques sujávamos os brinquedos com a graxa que roubávamos ao Posto Sabbá, hoje Posto Ajuruteua - Bragança/Pa, jul2006
MENINAS NO PARQUE SUJANDO A CALCINHA,
NA GRAXA ROUBADA AO POSTO SABBÁ,
FEITIÇOS PEQUENOS DE TAFETÁ,
DOAM SEU CHORO À SANTA TEREZINHA;
CABOCLO MORENO, FEITOR DE FARINHA,
FUI ÍNDIO, MATUTO, EM ANANINDEUA,
CORTANDO O ASFALTO DE TIMBOTEUA,
NO RASO-FUNDO DO IGARAPÉ;
CANOA DAS ÁGUAS DO RIO CAETÉ,
DOU BANHO NO VERSO EM AJURUTEUA.
Igreja de São Benedito, padroeiro do povo da cidade. Todo ano, de 26 a 31 de dezembro, acontece a bela festa profano-religiosa em homenagem ao "Santo Preto" - Bragança/Pa, jul2006
POETA QUE SOU, TAMBÉM FUI CRIANÇA,
MEU NEGRO DITO FOI MEU PADROEIRO,
TAÍRA DAS ÁGUAS DO RIO DE JANEIRO,
TAÍRA ESTRADA DA MINHA BRAGANÇA;
CANTANDO O GALOPE DA MINHA CHEGANÇA,
NO BARRANCO NEGRO DE TACIATEUA,
MOLEQUE DOS MARES DE MAIANDEUA,
CRUZEI A LAGOA DA CASA DO ZÉ;
Rio Caeté, que passa em frente à cidade e, na minha infância, época sem estrada, fazia a ligação hidroviária entre a cidade e as praias - Bragança/Pa, jul2006
CANOA DAS ÁGUAS DO RIO CAETÉ,
O poeta tomando banho de mar na praia de Ajuruteua, a maior das diversas praias da cidade - Bragança/Pa, jul2006
DOU BANHO NO VERSO EM AJURUTEUA.
sábado, 31 de janeiro de 2009
CORDÉIS DE IVERSON CARNEIRO
todos do livro MOLEQUE VELHO
MARTELO CARIOCA-1995
Neste inverno de julho prazenteiro,
vejo o Rio lacerado mas contente,
vejo a força e a alegria de sua gente
e a certeza de um novo janeiro;
vejo o céu se abrir pro mundo inteiro
e a Lua brilhar no meio dia,
vejo as formas fogosas da folia,
desfilando a nudez de todo ano;
mas a bala do revólver traiçoeiro,
mata, ao vivo, meu martelo alagoano.
Não desisto, porém, de ser cigano,
nem de amar essa luz tão majestosa,
que invoca a pomba gira mais formosa
e balança a cabeça de fulano;
vejo nela o desenho de um cabano,
recompondo a magia das bandeiras,
refazendo a risada galhofeira,
do carioca cantor e suburbano;
mas a bala do revólver, traiçoeira,
mata, ao vivo, meu martelo alagoano.
Da paisagem sangrenta da favela
brota o samba, invadindo as sesmarias,
e o funk que detona todo dia,
a princesa de asfalto, que é a mais bela;
com seu charme de criança, soberano,
grita a doida falsidade da donzela,
geme o mal, que é das gangs da procela,
abre o colo, sedento de baiano;
mas a bala do revólver, tão singela,
mata, ao vivo, meu martelo alagoano.
Pra cantar meu repente e minha glosa,
afilei minha rima incomparável,
e o canto da caipora, inigualável,
explodiu bem em frente a minha prosa;
neste andar de viajante, poeta insano,
destilei minha verve de nortista,
fiz do verso minha arma de artista,
pra viver neste Rio belo e mundano;
nem a bala do revólver, que é arisca,
mata, ao vivo, meu martelo alagoano.
CORDÉCADA-1999*
Faz dez anos que dormimos,
sem sentir nenhuma dor,
da planta que nasce a flor,
abraçados nós sorrimos;
com jeito de quero nada,
agarrei no teu calor,
nos calos do lavrador
inspirei minha cantada;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
Um anjo desceu do céu,
num sopro do Criador,
ouvindo a voz do cantor
eu fui despindo teu véu;
bem antes, embriagada,
a noite rendeu louvor,
com sonhos de sedutor,
acampei na tua morada;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
Não esqueço do apetite
do meu verso sem pudor,
que no carro, com furor,
desprezou todo limite;
voou com a passarada,
desvendou teu esplendor,
suor santificador,
santificou tua charada;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
Os amores da história,
nos versos do cantador,
lorotas de sonhador,
dão ao homem toda glória;
mas na verdade da estrada,
do anjo exterminador,
o homem é o perdedor,
a mulher jóia sonhada;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
Em dez anos de folias,
das sofrências fui feitor,
de alegrias corregedor,
inventor de maresias;
nossas altas madrugadas,
nosso leito gemedor,
nossa alcova, nosso andor,
são capelas profanadas;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
*Mote do cantador Oliveira de Panelas
“Chico Buarque é um compositor maravilhoso, mas de certo modo foi esgotado.” (Zeca Baleiro/JB, 04/10/1999)
SOBRE ZECA BALEIRO
E CHICO BUARQUE-1999*
Dos confins do Maranhão,
pro Brasil embasbacado,
- Chico Buarque tá esgotado!
Mandou Zeca sem perdão.
No JB, a la carte,
de francês, não brasileiro,
maculou nosso terreiro,
abriu guerra até com Sartre;
quem nasceu para baleiro,
nunca chega a baluarte.
O poeta pisou na bola,
ao falar tamanha asneira,
o chute saiu de primeira
num vacilo da cachola;
dançando a dança sem arte,
sem ginga de partideiro,
foi brega, picareteiro,
pisando o solo de Marte;
quem nasceu para baleiro,
nunca chega a baluarte.
Do sertão ao litoral,
foi aquele sururu,
do subúrbio à zona sul,
e até nos bondes do mal;
todo mundo deu de pau,
armou-se o maior banzeiro,
que a touquinha do arteiro,
pediu trégua a Malazarte;
quem nasceu para baleiro,
nunca chega a baluarte.
Dos pagodes da Ciata,
ao forró do zabumbeiro,
cuíca de sanfoneiro
é mistura e não desata;
batuque de casa-mata,
aviso de mandingueiro:
em Mangueira e no Salgueiro
respeita-se o bom Buarque;
quem nasceu para baleiro,
nunca chega a baluarte.
*Mote do poeta Manuel Gomes
...& O MUNDO
NÃO ACABOU-1999
Pastores em plena praça,
destrincharam Mirabeau,
todo o povo mergulhou
num pileque de cachaça;
em cabine do Chalaça
até padre fornicou,
perguntar ninguém lembrou,
se era verdade a farsa;
plantaram tanta desgraça,
e o mundo não acabou.
Papel banquete de traça,
pergaminho que mofou,
centenário de avô
se comemora em pirraça;
o vinho se bebe em taça,
o sonho nasce da flor,
deputado e senador
são rebutalhos da raça;
plantaram tanta desgraça,
e o mundo não acabou.
Uirapuru se disfarça,
de pit-bull roedor,
consolação de doutor,
com a doença não trapaça;
nas entranhas da louraça,
fast-food se instalou,
a sandice que engendrou,
não tem verso que desfaça;
plantaram tanta desgraça,
e o mundo não acabou.
Caçador fugiu da caça,
passarinho do condor,
a santa pulou do andor,
pra festejar com a massa;
se tem fogo, tem fumaça,
diz o santo ao pecador,
o tubarão predador
come peixe com manguaça;
plantaram tanta desgraça,
e o mundo não acabou.
“O contra ponto ao caos vicioso da espiritualidade cristã, é o caos virtuoso do materialismo pagão e suas conexões com o universo.”
CAÓSMICO-2002
Visto do fundo do mar,
da contra-mão do universo,
o disparo do canhão
é ar comprimido, é reverso;
no plexo da paixão
é soco cruzado e convexo.
O verso não pede licença,
é nobre, é centurião,
no contra-tempo da canção,
seu natural é o inverso;
sem nexo, é do Maranhão,
e de Plutão vira anexo.
Jesus Cristo (Jorge Mautner),
ao ficar nu,
fumou, bebeu e versou,
o peixe fora do mar,
vira tubarão voador;
ao cheirar moça branquinha,
o cosmo todo endoidou.
A Lua transou com Zeus,
o Sol com a Ursa Maior,
a Ursa (Menor solitária),
se deu pro contraventor;
Calunga, de sunga e tridente,
pra virgem do interior.
A sobra de algum pecado,
na moral do pastor,
vai pra santa do andor,
da procissão dos calados;
entre os marinhos selados,
macho-fêmeo é paridor.
MARTELO CARIOCA II-2000
(sem medo de ser cafona)
Na virada solene do dois mil,
não pensei nem em Copa ou Ipanema,
apelei pro gogó da siriema,
ordenhei muita vaca no canil;
esperando o vinte e um de abril,
sem ouvir o trumpete da fanfarra,
me vesti de imperador da farra,
virei copos até cair na lona;
eu, sem medo nenhum de ser cafona,
galopei no martelo o chão da Barra.
Na primeira manhã do ano novo,
em passadas velozes de perdiz,
grafitei mil palavras na matriz,
me vali da estátua feito corvo;
injetando na tocha um dardo torvo,
lambuzei todo o mármore carrara,
frajolice nenhuma se compara,
minhas vestes são sedas de Verona;
eu, sem medo nenhum de ser cafona,
galopei no martelo o chão da Barra.
Nas paredes do ap, fundo amarelo,
o nu fake de Antônia e Karine,
os flagelos de Santo Meneghine
e um tapete de urso mashmallow;
pra compor o ambiente em tom marmelo,
retirantes da tribo paroara,
invadiam o asfalto sem amarras,
cortejando o bordel da marafona;
eu, sem medo nenhum de ser cafona,
galopei no martelo o chão da Barra.
Passeando na Disney brasileira,
atravessei New York num minuto,
tudo falso e errado, tudo bruto,
muita girl, nenhum pé de laranjeira;
macaquice fardada de estrangeira,
happy birthday, jiu-jitsu, muita marra,
na calada da noite a gente esbarra,
com a loirice fatal da primadona;
eu, sem medo nenhum de ser cafona,
galopei no martelo o chão da Barra.
MARTELO CARIOCA-1995
Neste inverno de julho prazenteiro,
vejo o Rio lacerado mas contente,
vejo a força e a alegria de sua gente
e a certeza de um novo janeiro;
vejo o céu se abrir pro mundo inteiro
e a Lua brilhar no meio dia,
vejo as formas fogosas da folia,
desfilando a nudez de todo ano;
mas a bala do revólver traiçoeiro,
mata, ao vivo, meu martelo alagoano.
Não desisto, porém, de ser cigano,
nem de amar essa luz tão majestosa,
que invoca a pomba gira mais formosa
e balança a cabeça de fulano;
vejo nela o desenho de um cabano,
recompondo a magia das bandeiras,
refazendo a risada galhofeira,
do carioca cantor e suburbano;
mas a bala do revólver, traiçoeira,
mata, ao vivo, meu martelo alagoano.
Da paisagem sangrenta da favela
brota o samba, invadindo as sesmarias,
e o funk que detona todo dia,
a princesa de asfalto, que é a mais bela;
com seu charme de criança, soberano,
grita a doida falsidade da donzela,
geme o mal, que é das gangs da procela,
abre o colo, sedento de baiano;
mas a bala do revólver, tão singela,
mata, ao vivo, meu martelo alagoano.
Pra cantar meu repente e minha glosa,
afilei minha rima incomparável,
e o canto da caipora, inigualável,
explodiu bem em frente a minha prosa;
neste andar de viajante, poeta insano,
destilei minha verve de nortista,
fiz do verso minha arma de artista,
pra viver neste Rio belo e mundano;
nem a bala do revólver, que é arisca,
mata, ao vivo, meu martelo alagoano.
CORDÉCADA-1999*
Faz dez anos que dormimos,
sem sentir nenhuma dor,
da planta que nasce a flor,
abraçados nós sorrimos;
com jeito de quero nada,
agarrei no teu calor,
nos calos do lavrador
inspirei minha cantada;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
Um anjo desceu do céu,
num sopro do Criador,
ouvindo a voz do cantor
eu fui despindo teu véu;
bem antes, embriagada,
a noite rendeu louvor,
com sonhos de sedutor,
acampei na tua morada;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
Não esqueço do apetite
do meu verso sem pudor,
que no carro, com furor,
desprezou todo limite;
voou com a passarada,
desvendou teu esplendor,
suor santificador,
santificou tua charada;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
Os amores da história,
nos versos do cantador,
lorotas de sonhador,
dão ao homem toda glória;
mas na verdade da estrada,
do anjo exterminador,
o homem é o perdedor,
a mulher jóia sonhada;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
Em dez anos de folias,
das sofrências fui feitor,
de alegrias corregedor,
inventor de maresias;
nossas altas madrugadas,
nosso leito gemedor,
nossa alcova, nosso andor,
são capelas profanadas;
uma noite não é nada,
pra dormir com meu amor.
*Mote do cantador Oliveira de Panelas
“Chico Buarque é um compositor maravilhoso, mas de certo modo foi esgotado.” (Zeca Baleiro/JB, 04/10/1999)
SOBRE ZECA BALEIRO
E CHICO BUARQUE-1999*
Dos confins do Maranhão,
pro Brasil embasbacado,
- Chico Buarque tá esgotado!
Mandou Zeca sem perdão.
No JB, a la carte,
de francês, não brasileiro,
maculou nosso terreiro,
abriu guerra até com Sartre;
quem nasceu para baleiro,
nunca chega a baluarte.
O poeta pisou na bola,
ao falar tamanha asneira,
o chute saiu de primeira
num vacilo da cachola;
dançando a dança sem arte,
sem ginga de partideiro,
foi brega, picareteiro,
pisando o solo de Marte;
quem nasceu para baleiro,
nunca chega a baluarte.
Do sertão ao litoral,
foi aquele sururu,
do subúrbio à zona sul,
e até nos bondes do mal;
todo mundo deu de pau,
armou-se o maior banzeiro,
que a touquinha do arteiro,
pediu trégua a Malazarte;
quem nasceu para baleiro,
nunca chega a baluarte.
Dos pagodes da Ciata,
ao forró do zabumbeiro,
cuíca de sanfoneiro
é mistura e não desata;
batuque de casa-mata,
aviso de mandingueiro:
em Mangueira e no Salgueiro
respeita-se o bom Buarque;
quem nasceu para baleiro,
nunca chega a baluarte.
*Mote do poeta Manuel Gomes
...& O MUNDO
NÃO ACABOU-1999
Pastores em plena praça,
destrincharam Mirabeau,
todo o povo mergulhou
num pileque de cachaça;
em cabine do Chalaça
até padre fornicou,
perguntar ninguém lembrou,
se era verdade a farsa;
plantaram tanta desgraça,
e o mundo não acabou.
Papel banquete de traça,
pergaminho que mofou,
centenário de avô
se comemora em pirraça;
o vinho se bebe em taça,
o sonho nasce da flor,
deputado e senador
são rebutalhos da raça;
plantaram tanta desgraça,
e o mundo não acabou.
Uirapuru se disfarça,
de pit-bull roedor,
consolação de doutor,
com a doença não trapaça;
nas entranhas da louraça,
fast-food se instalou,
a sandice que engendrou,
não tem verso que desfaça;
plantaram tanta desgraça,
e o mundo não acabou.
Caçador fugiu da caça,
passarinho do condor,
a santa pulou do andor,
pra festejar com a massa;
se tem fogo, tem fumaça,
diz o santo ao pecador,
o tubarão predador
come peixe com manguaça;
plantaram tanta desgraça,
e o mundo não acabou.
“O contra ponto ao caos vicioso da espiritualidade cristã, é o caos virtuoso do materialismo pagão e suas conexões com o universo.”
CAÓSMICO-2002
Visto do fundo do mar,
da contra-mão do universo,
o disparo do canhão
é ar comprimido, é reverso;
no plexo da paixão
é soco cruzado e convexo.
O verso não pede licença,
é nobre, é centurião,
no contra-tempo da canção,
seu natural é o inverso;
sem nexo, é do Maranhão,
e de Plutão vira anexo.
Jesus Cristo (Jorge Mautner),
ao ficar nu,
fumou, bebeu e versou,
o peixe fora do mar,
vira tubarão voador;
ao cheirar moça branquinha,
o cosmo todo endoidou.
A Lua transou com Zeus,
o Sol com a Ursa Maior,
a Ursa (Menor solitária),
se deu pro contraventor;
Calunga, de sunga e tridente,
pra virgem do interior.
A sobra de algum pecado,
na moral do pastor,
vai pra santa do andor,
da procissão dos calados;
entre os marinhos selados,
macho-fêmeo é paridor.
MARTELO CARIOCA II-2000
(sem medo de ser cafona)
Na virada solene do dois mil,
não pensei nem em Copa ou Ipanema,
apelei pro gogó da siriema,
ordenhei muita vaca no canil;
esperando o vinte e um de abril,
sem ouvir o trumpete da fanfarra,
me vesti de imperador da farra,
virei copos até cair na lona;
eu, sem medo nenhum de ser cafona,
galopei no martelo o chão da Barra.
Na primeira manhã do ano novo,
em passadas velozes de perdiz,
grafitei mil palavras na matriz,
me vali da estátua feito corvo;
injetando na tocha um dardo torvo,
lambuzei todo o mármore carrara,
frajolice nenhuma se compara,
minhas vestes são sedas de Verona;
eu, sem medo nenhum de ser cafona,
galopei no martelo o chão da Barra.
Nas paredes do ap, fundo amarelo,
o nu fake de Antônia e Karine,
os flagelos de Santo Meneghine
e um tapete de urso mashmallow;
pra compor o ambiente em tom marmelo,
retirantes da tribo paroara,
invadiam o asfalto sem amarras,
cortejando o bordel da marafona;
eu, sem medo nenhum de ser cafona,
galopei no martelo o chão da Barra.
Passeando na Disney brasileira,
atravessei New York num minuto,
tudo falso e errado, tudo bruto,
muita girl, nenhum pé de laranjeira;
macaquice fardada de estrangeira,
happy birthday, jiu-jitsu, muita marra,
na calada da noite a gente esbarra,
com a loirice fatal da primadona;
eu, sem medo nenhum de ser cafona,
galopei no martelo o chão da Barra.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
APRESENTANDO O BLOG
Salve! Você está no blog do Moleque Velho. Aqui você vai viajar por informações,textos, fotos, vídeos e quaisquer outros delírios do autor e de colaboradores (convidados ou espontâneos). E muita, muita poesia! Acesse, observe, leia, conheça, participe. Você e suas ideias serão sempre bem vindos.
QUEM É O MOLEQUE VELHO?
Poeta, ator, teatrólogo e animador cultural, o paraense IVERSON Medeiros CARNEIRO nasceu em Belém, em 21 de outubro de 1957, e morou a infância e parte da adolescência em Bragança. Viveu na Paraíba, onde nasceram seus filhos e netos, de 1979 a 1988, quando fixou residência definitiva no Rio de Janeiro.
Em João Pessoa, participou da criação do Movimento dos Escritores Independentes, ao lado de poetas e compositores paraibanos, como Pedro Osmar, Paulo Ro, Jaiel de Assis, Chico César, Escurinho, Totonho, Vandinho de Carvalho e tantos outros.
Trabalha com teatro desde 1974 e começou a escrever a partir de 1976.
Publicou seis livretos mimeografados, tres livros, dois posters poema e um cartão de arte postal, organizou duas coletâneas de alunos poetas do Liceu Nilo Peçanha, de Niterói, e participou da Antologia POESIA DO GRÃO PARÁ, organizada pela poeta Olga Savary.
Em teatro, trabalhou em várias peças, primeiro como ator (com diretores como Cláudio Barradas, Geraldo Salles, Leonardo Nóbrega e Aderbal Freire Filho), e hoje como orientador de oficinas em escolas da rede pública e diretor.
Dirigiu o show TRIBUTO À LEGIÃO URBANA, montado com o Bando do Lira, banda composta por jovens do bairro da Penha, no Rio de Janeiro.
MOLECAGENS POÉTICAS
Em livretos mimeografados
PALAVRAS PRA QUEM TEM BOCA PRA CANTAR E GRITAR - João Pessoa/1981
POETIZANDO MARGINALMENTE - João Pessoa/1983
EU TE AMO, PORRA... - João Pessoa/1984
TODOS NA RUA OUTRA VEZ (cordel para a campanha Diretas, Já) - Recife/1984
CURTO E GROSSO - 1ª edição: Rio de Janeiro/1985; 2ª e 3ª edições: João Pessoa/1986
MOVIMENTO EM 2 (com o poeta paraibano Chico Lino Filho) - João Pessoa/1987
Em poster poema e cartão de arte postal
VERBO COMER - Um Cardápio Nordestino (poster poema ilustrado por Pedro Osmar) - João Pessoa/1984
POSTER ANTOLOGIA DA ANE (Associação Niterooiense de Escritores) - Niterói/1995
PRONOMES (Poema Postal editado pela Editora ARTE POEMA) - São Paulo/1986
Em Livros
OPÚSCULO N° 8 - Sonetos em Fé Maior - Niterói/1990
OBSERVÂNCIAS DO RIO & outros avulsos - Niterói/1998
MOLEQUE VELHO - Rio de Janeiro/2005
Coletâneas que organizou
GERAÇÃO 90, POETAS DO LICEU volume 1 - Niterói/1999
GERAÇÃO 90, POETAS DO LICEU volume 2 - Niterói/2000
Coletâneas de que participou
AGENDAS ANE 1995, 1998 e 1999
Edição: Associação Niteroiense de Escritores
POESIA DO GRÃO PARÁ
Seleção e notas Olga Savary
Edição: GRAPHIA Editorial - Rio, 2001
POESIA NOS ARCOS
Organização de Nilton Alves
Edição: OFICINA Editores - Rio, 2006
Em João Pessoa, participou da criação do Movimento dos Escritores Independentes, ao lado de poetas e compositores paraibanos, como Pedro Osmar, Paulo Ro, Jaiel de Assis, Chico César, Escurinho, Totonho, Vandinho de Carvalho e tantos outros.
Trabalha com teatro desde 1974 e começou a escrever a partir de 1976.
Publicou seis livretos mimeografados, tres livros, dois posters poema e um cartão de arte postal, organizou duas coletâneas de alunos poetas do Liceu Nilo Peçanha, de Niterói, e participou da Antologia POESIA DO GRÃO PARÁ, organizada pela poeta Olga Savary.
Em teatro, trabalhou em várias peças, primeiro como ator (com diretores como Cláudio Barradas, Geraldo Salles, Leonardo Nóbrega e Aderbal Freire Filho), e hoje como orientador de oficinas em escolas da rede pública e diretor.
Dirigiu o show TRIBUTO À LEGIÃO URBANA, montado com o Bando do Lira, banda composta por jovens do bairro da Penha, no Rio de Janeiro.
MOLECAGENS POÉTICAS
Em livretos mimeografados
PALAVRAS PRA QUEM TEM BOCA PRA CANTAR E GRITAR - João Pessoa/1981
POETIZANDO MARGINALMENTE - João Pessoa/1983
EU TE AMO, PORRA... - João Pessoa/1984
TODOS NA RUA OUTRA VEZ (cordel para a campanha Diretas, Já) - Recife/1984
CURTO E GROSSO - 1ª edição: Rio de Janeiro/1985; 2ª e 3ª edições: João Pessoa/1986
MOVIMENTO EM 2 (com o poeta paraibano Chico Lino Filho) - João Pessoa/1987
Em poster poema e cartão de arte postal
VERBO COMER - Um Cardápio Nordestino (poster poema ilustrado por Pedro Osmar) - João Pessoa/1984
POSTER ANTOLOGIA DA ANE (Associação Niterooiense de Escritores) - Niterói/1995
PRONOMES (Poema Postal editado pela Editora ARTE POEMA) - São Paulo/1986
Em Livros
OPÚSCULO N° 8 - Sonetos em Fé Maior - Niterói/1990
OBSERVÂNCIAS DO RIO & outros avulsos - Niterói/1998
MOLEQUE VELHO - Rio de Janeiro/2005
Coletâneas que organizou
GERAÇÃO 90, POETAS DO LICEU volume 1 - Niterói/1999
GERAÇÃO 90, POETAS DO LICEU volume 2 - Niterói/2000
Coletâneas de que participou
AGENDAS ANE 1995, 1998 e 1999
Edição: Associação Niteroiense de Escritores
POESIA DO GRÃO PARÁ
Seleção e notas Olga Savary
Edição: GRAPHIA Editorial - Rio, 2001
POESIA NOS ARCOS
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